Mas e então, o que foi que eu fiz aqui?
-perguntinha cretina-
Posso falar que "foi um enorme crescimento pessoal, aprendi a ser mais independente e responsável. Cuidar de mim e das minhas coisas, incrementei minhas performances culinárias e conheci muitas pessoas." Ok, isto é um bocado clichê. Mas é verdade! Há outras coisas que você aprende sem perceber, ou que você nem queria aprender; ou ainda que você nem se deu conta que não sabia fazer aquilo, até precisar fazê-lo sozinho.
Fora todo crescimento pessoal (que seu pai não vê no boletim), fiz algumas cadeiras na Universidade de Coimbra e digo logo que não é assim melhor que a UFPB não. Foi uma experiência diferente, o teor das discussões é outro, a base que têm os alunos e a postura em sala é COMPLETAMENTE DIFERENTE. Digo isso porque fiz parte de quatro turmas diferentes aqui e tantas outras no Brasil e posso comparar. Isto aqui é uma ditadura.
Conheci muitas cidades em Portugal, de Norte a Sul é um país lindo; muitas belezas naturais, praias e montanhas que enchem os olhos. Uma história que claramente se reflete no olhar do
povo português e também um sentimento bastante fraterno com os brasileiros.
Outras particularidades eu guardo na lembrança.
Vivendo só (em comunidade) aprendo uma data de coisas...
Posso fazer comida só pra mim, mas não gosto.
Soja é quase carne, mas maminha é muito mais. E carne de porco não é carne.
Batata não fará mais parte da minha dieta. Nem massa.
Eu espero o autocarro na paragem e às vezes esqueço o telemóvel em casa.
Dê dinheiro mas não dê liberdade.
Por mais amigos que você tenha e mais pessoas em quem você confia, você ainda está sozinho e suas coisas dependem de você.
Informe-se, ninguém vai ficar lhe avisando nada.
As pessoas fuçam sua vida SIM.
Você não fala português, fala BRASILEIRO.
Franceses odeiam mesmo que você fale inglês.
Fale português e vão lhe responder em espanhol.
O algarve é uma terra de estrangeiros e turistas.
Agora eu sei o que é frio. E calor. E o outono não acontece só nos filmes.
(to be continued)
Sinto que podia ter feito muito mais coisas (e cadeiras), ter conhecido outros tantos lugares e outras tantas pessoas. Mas isto também é um aprendizado, não é?
Estou voltando com muitas saudades e muitos chaveirinhos, muitas fotos e muitas pessoas.
Lembranças desta vida boa em Coimbra e o sentimento que está só começando.
